Desde Maio (2022) comecei a dar aulas no estabelecimento prisional de Lisboa, através do @prisonyogaprojectportugal
Tem sido uma experiência bastante diferente de todas as que dei até agora.
Pelo meu lado, tive de pensar em vários aspetos que até então não pensava muito: passar por detetor de metais, só ter autorização para levar comigo um tapete de yoga, roupa que levo, linguagem que uso, sequência de asanas e pranayamas que utilizo, não poder/dever fazer correções e ajustes através do toque.
Tudo isto contribui para que esteja mais atenta e focada e também para melhorar enquanto instrutora, não funcionar tanto em piloto automático.
Sobre os praticantes, o que já observei até agora: são educados, respeitosos e atentos.
Aquelas pessoas, que estão a praticar em ambiente de prisão, foram percebendo que aquele momento e espaço são de confiança, podem baixar as defesas e não estar sempre a olhar por cima do ombro. Ao longo das aulas tem sido muito interessante ver que já ficam mais tempo a praticar com os olhos fechados, já ficam mais concentrados, já relaxam mais e melhor e no fim fazem mais perguntas sobre a prática.
Não sei o que eles retiram das aulas, não sei se utilizam algumas técnicas no dia a dia ou se quando saírem vão utilizar. Só sei que de momento estou a fazer o meu melhor, a contribuir com o que posso e sei, pois, estas pessoas, de acordo com o sistema judicial do nosso país, quando cumprirem a pena vão ser reinseridas na sociedade, então que tenham acesso a uma prática que lhes possa levar bem estar emocional, mental e físico. Quando saírem, tragam mais ferramentas para lidar positivamente com os traumas emocionais e físicos que carregam.
Este projeto , aqui em Portugal é muito recente, ainda precisamos de mais tempo pela frente para conseguir demonstrar resultados mais concretos, mas nos outros países onde o projeto funciona há mais anos já existe uma maior compilação de dados que comprovam que funciona.
Agora, por aqui, é continuar!
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